A Pesca, para lá do desporto.
A natureza não pensa, adapta-se, reage, procura sobreviver. A natureza não tem pressa, renova-se em cada instante. Muitos de nós perdeu a sua capacidade em adaptar-se às mudanças, em reagir quando é necessário, em sobreviver quando é indispensável. Temos dificuldade em ler os sinais que a natureza nos vai mostrando. Temos pressa por viver, por consumir a nossa vida de acordo com cânones preestabelecidos.
A pesca é o refúgio de muitos, onde tentamos serenar. Talvez por isso aos fins-de-semana ocorre um êxodo para esses locais onde a sua pratica é possível. Talvez as pessoas queiram recuperar aquilo que deixaram para trás quando entraram nas cidades.
Na pesca, tudo o que a nossa amostra toca deveria ser entendido como um ponto no universo, origem de uma imagem multidimensional que se ajusta, que tenta ajustar-se ao tempo e a forma como os peixes vão evoluindo. Num meio em que o tempo cronológico é uma limitação e o tempo atmosférico muitas vezes assumido como uma contrariedade, cabe ao pescador encontrar a forma de se adaptar. Pescar naqueles dias em que a pesca é um acto de fé só enaltece a figura do pescador, que não se desculpa nas condicionantes externas ou no estado anímico dos peixes.
As grades são, sem dúvida, o reflexo da nossa ignorância.
Quando pescamos procuramos atingir a abstracção total de tudo aquilo que deixamos para trás, todos os problemas desaparecem, apenas um objectivo prevalece. Encontrar e capturar peixes pode-se tornar uma obsessão. Mesmo que o dia finalize sem recompensa, a grade não deveria ser encarada como um fracasso, mas como um patamar pelo qual passar.
Comparável aos crentes praticantes cada vez que entram no seu espaço de oração, sentimos paz, tranquilidade, capazes de sentir o que nos rodeia. É semelhante a uma experiência religiosa, mas não, é apenas pescar. É pescar em toda a sua dimensão. Regresso às origens, em que, éramos apenas um elemento e não o ditador que muitos tentamos ser. Agora tiramos, exigimos sem muitas vezes querer dar nada em troca.
Pescar é muito mais que capturar peixe, é uma viagem ao nosso ancestral passado. Pouco tem a ver com todo o parafernal das marcas, das revistas ou das competições em que egos colidem e lutam pelo controlo das nossas preferências, ditam a nossa forma de vestir, amostras a comprar, forma de falar, pensar, deturpam a nossa forma de pescar.
Ah! Ia-me esquecendo de uma coisa importante. Ver como os peixes se afastam das nossas mãos é dar valor à nossa necessidade por continuar em ser-mos pescadores. Os peixes recuperam a liberdade para novamente entrarem no ciclo da nossa devoção. Deixar os espaços limpos, cuidados, tratados, é dar valor aos centros da nossa atenção.
A natureza não pensa, adapta-se, reage, procura sobreviver. A natureza não tem pressa, renova-se em cada instante. Muitos de nós perdeu a sua capacidade em adaptar-se às mudanças, em reagir quando é necessário, em sobreviver quando é indispensável. Temos dificuldade em ler os sinais que a natureza nos vai mostrando. Temos pressa por viver, por consumir a nossa vida de acordo com cânones preestabelecidos.
A pesca é o refúgio de muitos, onde tentamos serenar. Talvez por isso aos fins-de-semana ocorre um êxodo para esses locais onde a sua pratica é possível. Talvez as pessoas queiram recuperar aquilo que deixaram para trás quando entraram nas cidades.
Na pesca, tudo o que a nossa amostra toca deveria ser entendido como um ponto no universo, origem de uma imagem multidimensional que se ajusta, que tenta ajustar-se ao tempo e a forma como os peixes vão evoluindo. Num meio em que o tempo cronológico é uma limitação e o tempo atmosférico muitas vezes assumido como uma contrariedade, cabe ao pescador encontrar a forma de se adaptar. Pescar naqueles dias em que a pesca é um acto de fé só enaltece a figura do pescador, que não se desculpa nas condicionantes externas ou no estado anímico dos peixes.
As grades são, sem dúvida, o reflexo da nossa ignorância.
Quando pescamos procuramos atingir a abstracção total de tudo aquilo que deixamos para trás, todos os problemas desaparecem, apenas um objectivo prevalece. Encontrar e capturar peixes pode-se tornar uma obsessão. Mesmo que o dia finalize sem recompensa, a grade não deveria ser encarada como um fracasso, mas como um patamar pelo qual passar.
Comparável aos crentes praticantes cada vez que entram no seu espaço de oração, sentimos paz, tranquilidade, capazes de sentir o que nos rodeia. É semelhante a uma experiência religiosa, mas não, é apenas pescar. É pescar em toda a sua dimensão. Regresso às origens, em que, éramos apenas um elemento e não o ditador que muitos tentamos ser. Agora tiramos, exigimos sem muitas vezes querer dar nada em troca.
Pescar é muito mais que capturar peixe, é uma viagem ao nosso ancestral passado. Pouco tem a ver com todo o parafernal das marcas, das revistas ou das competições em que egos colidem e lutam pelo controlo das nossas preferências, ditam a nossa forma de vestir, amostras a comprar, forma de falar, pensar, deturpam a nossa forma de pescar.
Ah! Ia-me esquecendo de uma coisa importante. Ver como os peixes se afastam das nossas mãos é dar valor à nossa necessidade por continuar em ser-mos pescadores. Os peixes recuperam a liberdade para novamente entrarem no ciclo da nossa devoção. Deixar os espaços limpos, cuidados, tratados, é dar valor aos centros da nossa atenção.
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